Bandalheia ganha reconhecimento histórico em livro sobre o rock catarinense

Ultrapassar o limite entre ser mais uma banda de rock e sintetizar muito do que o jovem pensava na década de 80, foi o que aconteceu com a Bandalheia. O grupo ganhou reconhecimento histórico na última sexta-feira, dia 4, no livro “Crime Perfeitcho - Rock anos 1980, Mundo 48”, do historiador Rodrigo Mota, lançado pela Editora Prismas, em Florianópolis.

O primeiro LP, sob o nome Otário, lançado em 1988, foi adquirido por Mota em um sebo. “Cheguei em casa, escutei e me apaixonei, achei o máximo, fiquei fissurado”, confessa. Ele salienta que o trabalho do grupo casa com os temas escolhidos e que, como o livro é de história, acadêmico, defendido em 2009 como tese de mestrado em História, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), não tem uma fórmula almanaque, que conta uma trajetória de forma crua. “Tem umas bandas que eu conto a história. Quando eu falo sobre alguma música que é muito importante, eu dou um geral sobre a banda, a Bandalheia é uma delas”, afirma.

Nesse ponto, a Bandalheia torna-se parte essencial do livro. Das quatro faixas do disco, três são citadas na obra. “‘Abraçado num garrafão’ é uma das que eu uso para falar do tema de drogas, como é licita, ela é tratada com brincadeira e como eles usam, a alegria, a irreverência que tem”, comenta Mota. As outras são “Válvulas de escape”, que expõe a ideia roqueira enraizada no jovem, na busca pelo gênero musical e estilo de vida para fugir da gravata, e “Longe da moto”. “Minha mãe brinca que todo dia do motociclista eu coloco no meu Facebook: - Aí pros motociclistas: Longe da moto. O rock tem essa ligação muito forte com a moto, então eu também cito no livro a canção. Por estar ligado ao rock, ser um dos símbolos da juventude”, comenta o professor, que ainda reitera toda essa identificação do álbum: “O disco tem quatro músicas, a outra é Otário, e conseguiu sintetizar muito do que o jovem pensava naquela época”.

“As três músicas têm, de certa forma, tem um  conceito de liberdade, talvez por isso as pessoas se identifiquem há tanto tempo! O que me deixa mais feliz e honrado é ser lembrando e saber que ainda é um trabalho influente”, comenta Gera Fornasa, vocalista da Bandalheia. 

A declaração é condizente com a última feita por Rodrigo Mota, ao afirmar sua identificação com o grupo. “Eu sou fã mesmo da banda, de carteirinha”, finaliza o historiador, que mantém o Rock de 48 no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) de Florianópolis, ligado ao Laboratório de Imagem e Oralidade. O projeto consiste em catalogar e analisar canções do gênero musical na região com prefixo telefônico 48, incluindo aí a Bandalheia. Esse programa não tem ligação direta com o livro, mas forma pequenas mudanças que fez com as atuais pesquisas.

O titulo, “Crime Perfeitcho - Rock anos 1980, Mundo 48”, faz referência a uma coletânea lançada em 1985, com canções de bandas locais como Decalco Mania, Alta Voltagem, Vanaheim, Olho D'água e Big Bem, e a música Crime Perfeito, que brinca com o pessoal do bairro Estreito, que termina as palavras com "tcho". A obra pode ser adquirida pelo site www.editoraprismas.com.br por R$54.